Tartarugas: Cuidados no Inverno
No território nacional ocorre uma grande diversidade climática, pois o Brasil apresenta grande extensão territorial com diferenças de relevo, altitude, dinâmica das massas de ar e das correntes marítimas. Esses fatores influenciam no clima de uma região, podendo serem observadas temperaturas negativas em algumas localidades.
Alguns pets podem sentir mais com as quedas de temperatura, como por exemplos, os cágados, que são conhecidos popularmente como tartarugas-de-água-doce ou tigres d´água. Durante o período mais frio do ano, esses animais podem reduzir drasticamente suas atividades e até mesmo pararem de se alimentar. Isso ocorre pelo fato de serem animais ectotérmicos, isto é, dependem exclusivamente de fontes externas de calor para atingirem temperaturas que favoreçam o processo enzimático digestivo dos alimentos.
Este comportamento faz parte de um processo fisiológico natural dos répteis, denominado brumação. Diferente dos mamíferos, para lidar com condições climáticas desfavoráveis, os répteis entram em um estado de torpor, ou seja, não entram em um verdadeiro estado de sono, como acontece com mamíferos quando hibernam.
A brumação implica em um descanso metabólico, imunológico, hormonal, digestivo e reprodutivo deste grupo de animais, tornando-se menos ativos fisiologicamente durante as quedas de temperatura, reduzindo o risco de perderem muito peso. Essa condição é inicialmente uma resposta direta às temperaturas frias, mas secundariamente também às mudanças na disponibilidade de recursos e a limitação dos movimentos durante o comportamento de fuga aos predadores.
Apesar dessas adaptações, espécies originárias de regiões que permanecem com temperaturas elevadas durante o ano todo, não devem ficar longos períodos sem se alimentar ou serem expostas a frios extremos. Algumas tartarugas podem adoecer facilmente caso sejam mantidas sem alguma fonte de calor. Por este motivo, é importante que os tutores saibam que estas mudanças de comportamento devem ser evitadas.
Quem vive em regiões de clima frio precisa disponibilizar um aquecedor com termostato e/ou lâmpadas para seus animais, evitando que entrem neste estado letárgico. O ideal para tartarugas é que a temperatura da água seja mantida em torno de 24 a 30 °C. Para estas espécies semiaquáticas, os aquaterrários podem ser equipados com sistema de aquecimento de termostato, igual ao utilizado em aquários.
O aquecimento da água permite que esses répteis se mantenham ativos durante todo o ano, mesmo em regiões com inverno intenso. Espécies originárias de regiões com clima frio (asiáticas, europeias, norte-americanas) podem preferir seguir seus instintos e hibernar durante o inverno, mesmo possuindo um sistema de aquecimento.
Independentemente do local de origem da espécie, os efeitos da queda do metabolismo provocado pela diminuição das temperaturas ocorre à medida que o inverno se aproxima e será sentido pelos répteis. No momento que começam a reduzir suas atividades é importante que esses animais sejam avaliados por um médico-veterinário especializado, para certificar-se que eles estão em pleno estado de saúde e preparados para enfrentar esse período com sucesso e segurança.
Ao observar que sua tartaruga-de-água-doce já se encontra em um longo período sem se alimentar, é importante utilizar algumas estratégias para que ela volte a comer. A aplicação do suplemento Labcon Reptovit sobre o alimento de manutenção ideal para a espécie, que pode ser o Alcon Club Reptolife, para exemplares com comprimento de carapaça maior que 10 centímetros ou o alimento Alcon Club Reptolife Baby para exemplares menores de 10 centímetros, torna o alimento mais atrativo e estimula o apetite. Manter a temperatura da água sempre aquecida, por volta de 25°C também é um ótimo aliado.
Ao observar algum comportamento estranho nesse período, procure um médico veterinário o mais rápido possível.
Publicado na Revista VetShare - nº 79 - Julho 2021
Autor
Max Ternero Cangani
Mestre em Microbiologia Agropecuária
Doutor em Zootecnia
Colaboradores
Carlos Augusto Nicolino
Mestre e Doutor em Patologia Veterinária
Eva Schneider
Graduanda em Medicina Veterinária
Anderson Kassner Filho
Biólogo
Confira dicas de manejo e nutrição no Guia Tartarugas Aquáticas - Curiosidades e Cuidados
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